05/09/2014
Em todos esses anos trabalhando com pessoas e principalmente com constelações familiares, tenho me deparado com muitas questões que de certa forma são parecidas em sua essência. Frequentemente eu ouço queixas do tipo: eu pareço não ter energia para realizar o que quero ou eu não sei o que de fato quero fazer, me sinto insatisfeito, sinto como se carregasse um grande peso, não me sinto valorizado (a), não consigo me estabelecer profissionalmente ou afetivamente, e por aí vai. Para quem conhece o trabalho das constelações familiares sabe que com essa técnica podemos identificar onde está a origem de uma dificuldade. Emaranhamentos que ocorreram em nosso histórico familiar e também ao longo de nossa própria biografia, muitas vezes nos leva a repetir padrões limitantes e a inconscientemente assumir dificuldades alheias dentro do sistema familiar.
Quando isso vem à tona em uma vivência de constelações familiares ou mesmo em atendimento individual, frequentemente conseguimos dar grandes passos no sentido de organizar tais questões e alcançar significativos resultados em curto espaço de tempo. As imagens internas são reorganizadas trazendo mudança nas sensações e uma perceptível leveza. No entanto, para quem busca um maior desenvolvimento interno, a jornada está apenas começando.
Sempre que nos aprofundamos em uma dificuldade ou sensação limitante, que mesmo após uma reorganização de sentimentos e imagens internas, nos assedia com a força do hábito em olhar a vida e as pessoas de uma certa maneira, frequentemente nos deparamos com um sentimento comum, o medo. Medo esse, que foi aprendido e sentido ao longo de uma vida onde muitas vezes não se conseguia, por vários fatores, sentir o lastro interno proporcionado pela conexão com os pais e a família, principalmente quando se tem rejeições, preconceitos e dificuldades em relação a eles.
Tenho refletido muito sobre isso e também trabalhado bastante no sentido de encontrar o caminho de volta, a reconexão com a as forças que nos leva adiante e nos possibilita assumir nossos anseios de vida e, nessa busca, pude observar que apesar de termos o medo como nosso maior vilão, impedindo e minando a busca pelos nossos sonhos, que o oposto desse medo não é coragem, que o oposto desse medo é amor. Só quando eu consigo amar algo mais do que eu temo não alcança-lo ou realiza-lo é que eu encontro o combustível interno necessário para avançar na direção àquilo que quero. E, o que é decisivo aqui é que eu só consigo acessar esse amor, se eu conseguir me conectar internamente ao amor com minha mãe e depois com meu pai. Estas são as bases do nosso amor, a nossa fonte da vida, não importa como tenham sido ou como são. Quando eu consigo me abrir internamente para o encontro dos meus pais como homem e mulher e para a força que atuou sobre eles me proporcionando a vida, então posso me conectar a mesma força que me conduz e impulsiona me levando adiante amparado e sustentado por raízes profundas.
Essa conexão e esse reconhecimento acontecem ao longo de uma vida, não é um evento único, mas seu primeiro passo muda o sentido de tudo.
Homero Zolli.
© 2024 - Todos os direitos reservados.